Trata-se de um livro seminal sobre memória social. Não por acaso, estará presente Maria Amélia de Almeida Teles (o cartaz escreve errado seu último sobrenome), esta grande militante de memória, verdade e justiça.
Menciono o lançamento aqui porque esta é uma das obras citadas em Ilícito Absoluto. Além do livro, cito um artigo em que ela revista a pesquisa que fez em Memória e sociedade; ele está no trecho mais recuado, entre dois parágrafos que escrevi:
A própria noção do “nunca mais” a respeito da ditadura pressupõe a memória social: nunca mais o quê? O que se deseja conhecer para evitar? Trata-se das graves violações de direitos humanos, e o próprio direito de conhecê-las possui a natureza de um direito humano. Dessa forma, as concepções autoritárias de sociedade não só querem negar a matéria daquela memória, mas o próprio direito de reivindicá-la. Para elas, o esquecimento, sem dúvida, tem um papel político fundamental, que confirma, a contrario sensu, a dimensão social da memória. Cita-se novamente Ecléa Bosi:
[...]No caso da recordação de acontecimentos políticos que escutei (revoluções, crises, figuras notáveis…) essa fusão ou aglutinação de lembranças factuais e valores ideológicos está muito presente. Estudei longamente como a lembrança se corporifica levando em conta a localização de classes e a profissão do sujeito. Nesse contexto, a marginalidade política a que se relegam os estratos pobres da população é causadora do espantoso vazio memorativo do brasileiro.
O problema da “marginalidade política” visto por Bosi persiste, porém hoje modificado pelo negacionismo histórico que fundamenta as “formações ideológicas” (emprego a expressão da autora) autoritárias, que lograram êxitos eleitorais nos últimos anos com bandeiras como a “intervenção militar” e a volta do AI-5 para a “restauração” da “democracia”.
Questão atual, não? O artigo de Bosi tem como título "A pesquisa em memória social", publicado pela Psicologia USP em 1993.
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