segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Memória social e Ecléa Bosi

Em 11 de novembro de 2023, em São Paulo, ocorrerá o relançamento de um clássico da psicologia social: Memória e sociedade: lembranças de velhos. Nele falarão Maria Amélia de Almeida Teles (a Amelinha), Fabio Weintraub, Luciana Araújo, Paulo de Salles Oliveira, com mediação do historiador Tiago Bosi, neto da autora, falecida em 2017. O evento ocorrerá na Livraria Simples, que fica na Rua Rocha, 416, a partir das 16 horas.


Trata-se de um livro seminal sobre memória social. Não por acaso, estará presente Maria Amélia de Almeida Teles (o cartaz escreve errado seu último sobrenome), esta grande militante de memória, verdade e justiça.
Menciono o lançamento aqui porque esta é uma das obras citadas em Ilícito Absoluto. Além do livro, cito um artigo em que ela revista a pesquisa que fez em Memória e sociedade; ele está no trecho mais recuado, entre dois parágrafos que escrevi:

A própria noção do “nunca mais” a respeito da ditadura pressupõe a memória social: nunca mais o quê? O que se deseja conhecer para evitar? Trata-se das graves violações de direitos humanos, e o próprio direito de conhecê-las possui a natureza de um direito humano. Dessa forma, as concepções autoritárias de sociedade não só querem negar a matéria daquela memória, mas o próprio direito de reivindicá-la. Para elas, o esquecimento, sem dúvida, tem um papel político fundamental, que confirma, a contrario sensu, a dimensão social da memória. Cita-se novamente Ecléa Bosi:

[...]
No caso da recordação de acontecimentos políticos que escutei (revoluções, crises, figuras notáveis…) essa fusão ou aglutinação de lembranças factuais e valores ideológicos está muito presente. Estudei longamente como a lembrança se corporifica levando em conta a localização de classes e a profissão do sujeito. Nesse contexto, a marginalidade política a que se relegam os estratos pobres da população é causadora do espantoso vazio memorativo do brasileiro.

O problema da “marginalidade política” visto por Bosi persiste, porém hoje modificado pelo negacionismo histórico que fundamenta as “formações ideológicas” (emprego a expressão da autora) autoritárias, que lograram êxitos eleitorais nos últimos anos com bandeiras como a “intervenção militar” e a volta do AI-5 para a “restauração” da “democracia”.

Questão atual, não? O artigo de Bosi tem como título "A pesquisa em memória social", publicado pela Psicologia USP em 1993.





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